Carreta gigante é mais devagar do que pedestre

Da redação - // Interior do Brasil

Veículos com mais de 40 m de comprimento trafegam a 5km/h na cidade. Motoristas contam que ter paciência é fundamental para dirigir esse tipo de automóvel.
Carreta de 48 metros de comprimento trafega pela Rodovia dos Imigrantes com destino a Santos transportando veleiro
Com mais de 40 metros de comprimento, dezenas de pneus, e capacidade para carregar centenas de toneladas, as carretas gigantes, apesar de grandes e fortes, são fracas de velocidade e perdem a disputa até para um pedestre. Esses veículos costumam circular a 5 km/h por dentro das cidades. Um pedestre caminhando com pressa consegue percorrer seis quilômetros em uma hora.
Uma simples manobra, como entrar numa rua, por exemplo, pode demorar até 60 minutos. “Quem não está acostumado, tem de olhar para o chão para perceber que o carro saiu do lugar”, diz o motorista Eliseu Rodrigues de Morais, de 62 anos, 27 deles exercitando a paciência para conduzir esse tipo de veículo. Segundo Morais, quando se passa a primeira marcha, mal o veículo mexe. Nessas carretas, uma viagem de São Paulo para Santos, uma distância de 85 km, pode durar até uma semana. Um caminhão normal completa o trajeto em cerca de três horas.
Tráfego é parado na Imigrantes para carreta poder fazer manobras na rodovia
“Já saí de Mogi das Cruzes [na Grande São Paulo] em agosto e só cheguei em Porto Alegre em janeiro do outro ano”, conta Morais. O condutor é um dos pioneiros desse tipo de transporte no país. Ele se orgulha de ter contribuído para a construção da Usina de Itaipu - a maior do mundo em geração de energia - levando para o local uma peça, que pesava 300 toneladas.
“Naquela época, todo lugar que a gente passava o povo corria para a estrada para ver, batiam palma, tiravam foto, era uma festa”, comenta Morais, que registrou para sempre na memória as medidas da peça. “Tinha 9,3 metros de diâmetro e 6,5 metros de altura. Só de pneu na carreta eram 256”, lembra ele. A viagem começou em São Paulo no mês de dezembro de 1981 e só terminou em março de 1982.
Hoje em dia, conta Morais, a recepção das pessoas não é tão calorosa. Muitos reclamam dos problemas causados ao trânsito. Para minimizar esses efeitos, carretas gigantes só podem circular pela capital paulista, por exemplo, durante a madrugada e são monitoradas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).